Guia de Recomendações para Atuação das Forças de Segurança Pública em Praças Desportivas

Guia de Recomendações para Atuação das Forças de Segurança Pública em Praças DesportivasSecretaria Nacional de Segurança Pública

Résumé: A espetacularização da violência nos eventos de futebol não é um problema recente e tampouco exclusivo do Brasil. Por décadas testemunhamos episódios de vandalismo, brigas e confrontos entre torcedores e torcidas, muitas vezes com mais ênfase que a própria partida de futebol. A sociedade assiste perplexa às tragédias causadas pela violência no futebol.
O primeiro grande episódio de maior visibilidade mundial ocorreu em 1964, em uma partida entre as seleções do Peru e da Argentina pelo torneio pré-olímpico, quando o juiz resolveu anular um gol do Peru, no momento em que a Argentina ganhava de 1×0. Havia mais de 54 mil torcedores no Estádio Nacional de Lima. Houve uma confusão generalizada. Torcedores invadiram o gramado, a polícia interveio e milhares de torcedores correram para as saídas do estádio. Com os portões trancados, o saldo foi de 318 mortos e mais de 500 pessoas feridas.
No Brasil, em jogo válido pela Supercopa São Paulo de Futebol Júnior, foi transmitido pela TV episódio que ficou conhecido como a Guerra do Pacaembu, no dia 20 de agosto de 1995.
Após comemoração pelo título do Palmeiras, torcedores do São Paulo pegaram pedaços de pedra e madeira localizados sob um entulho no estádio e arremessaram contra os palmeirenses.
Deflagrado o conflito, os 30 policiais militares localizados no Pacaembu foram incapazes de impedir a guerra entre as torcidas. O saldo foi de 102 feridos e a morte de um torcedor do São Paulo de apenas 16 anos.
Algumas dessas tragédias foram objeto de estudos de grandes e renomados especialistas. O estudo mais conhecido, o Relatório Taylor, cujo desenvolvimento foi supervisionado por Lorde Taylor de Gosforth, é um documento sobre as causas e consequências do desastre de Hillsborough, na Inglaterra, em 1989. Nessa tragédia, 96 torcedores com idades entre 10 e 67 anos foram mortos, na grande maioria, por pisoteamento no estádio. Após 27 anos, em 2016, chegou-se à conclusão de que aquela tragédia não foi um acidente. O comportamento dos torcedores não provocara a tragédia, conforme haviam apontado as primeiras investigações sobre o caso, mas, sobretudo, uma sequência de erros e despreparo das autoridades e dos policiais.

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