Desde sua criação, em 2006, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, enquanto espaço de diálogo e debates entre a sociedade civil, os órgãos do governo e a universidade, voltou-se para a discussão de temas pertinentes à polícia brasileira. Essa missão dada ao Fórum por seus fundadores pode ser observada em seus produtos, em que se procura construir uma interlocução entre os diversos setores que balizam o desenvolvimento das políticas públicas de segurança em nosso país. Não foi diferente o que aconteceu no momento da elaboração do dossiê que compõe essa edição da Revista Brasileira de Segurança Pública.
Buscando-se identificar experiências em que fosse possível perceber a polícia lidando com questões de governança na prática, foi lançado, no segundo semestre de 2008, um edital para inscrição de trabalhos nesta área, em que foram selecionados 19 casos emblemáticos, provenientes de várias regiões do país e apresentados em uma oficina, durante o III Encontro Anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que ocorreu em Vitória, ES, no mês de abril. Desses 19 casos, quatro foram premiados, dos quais três transformaram-se em artigos. Como parte de um projeto financiado pela Ford Foudantion e em parceria com o Napec, este dossiê é formado por um texto teórico, em que os autores discorrem sobre o conceito de governança policial, seus desdobramentos para o fazer polícia e a forma como ele tem sido – ou não – aplicado nas polícias brasileiras. Esse artigo é precedido por um pequeno texto introdutório, em que se buscou realizar uma síntese das ideias-força dos autores, de forma a guiar o leitor. Por fim, os três relatos de policiais que compõem a última parte do dossiê versam sobre problemas comuns que as polícias enfrentam e soluções diferentes dadas por diversos atores do cenário policial brasileiro.
Os artigos que formam a segunda parte desta edição dialogam entre si, tendo como pano de fundo a realização da I Conseg. O momento político criado pela realização desta conferência aponta para uma revisão das políticas de segurança, seus processos de legitimação democrática e a participação da sociedade civil. Como não podia deixar de ser, os artigos ora publicados revelam a atualidade da discussão acadêmica que vem sendo feita em torno de tais questões, em que se procura, acima de tudo, uma melhor compreensão dos processos que guiam as políticas públicas de segurança, seus desdobramentos para a população e para os profissionais que atuam na área.