O ano de 2009 foi promissor para o debate sobre segurança pública em nosso país. A ocorrência de inúmeras reuniões regionais culminou na realização da I Conferência Nacional de Segurança Pública, em agosto de 2009, que marcou um momento histórico de participação social nas questões referentes ao setor. Já na última edição da Revista Brasileira de Segurança Pública, foram publicados alguns artigos que indicavam a importância desse evento, analisando a participação e o impacto que a Conferência teria para o desenvolvimento de novas políticas públicas para o setor.
Nesta nova edição, mais dois textos analisam a I Conseg a partir do viés da participação social e fortalecimento da democracia no país. Como não podia deixar de ser, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública aposta na publicação desses artigos como mais uma forma de intensificar o debate público sobre mecanismos de governança democrática das políticas de segurança pública e das instituições policiais. Para além do cenário nacional, marcado pelas discussões acerca da I Conseg, este número da revista contempla também uma abordagem mais ampla sobre a reforma policial, com exemplos de outros países da América Latina, como os casos das polícias de Los Angeles e de Providence, ambas nos EUA, e de Chihuahua, México. A principal mensagem dessas experiências é que boas práticas podem ser replicadas, desde que haja controle externo e vontade política para tanto.
Mais do que privilegiar boas ações, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública procura lançar luz sobre pesquisas que analisam o trabalho policial, de forma a indicar possíveis caminhos para a mudança. É o que ocorre com a pesquisa sobre o trabalho policial em João Pessoa, no Estado da Paraíba, que fornece novos elementos para se pensar no que consiste o trabalho do policial militar naquela capital e, consequentemente, o do policial militar em todo o país.
Aproveitamos para frisar que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública orgulha-se de, nesses quatro anos de publicação da Revista Brasileira de Segurança Pública, ter conseguido consolidar um periódico científico pautado pela qualidade acadêmica e pelo fomento à reflexão de diferentes segmentos envolvidos no tema. Nesse processo, as forças policiais de nosso país têm sido capazes de refletir sobre o seu próprio trabalho e discutir, de igual para igual, com acadêmicos e gestores, sendo atores fundamentais
no fortalecimento da discussão democrática a respeito das políticas públicas de segurança do país, e não apenas aqueles que as colocam em prática. Nos cinco primeiros números da RBSP, mais de 15 artigos de autoria de policiais contribuíram para essa realidade.